A ideia, aprovada nos EUA, é injetar anticorpos de outras
pessoas nos pacientes com risco de morte, para estimular uma reação.
Hospitais de Nova York devem começar na próxima semana a usar
sangue de pacientes curados do novo coronavírus para tratar infectados em
estado emergencial. A ideia é utilizar o plasma – porção sanguínea com
anticorpos desenvolvidos.
Só em Nova York, já são mais de 25 mil infectados e 281
mortes até a noite desta quinta (27). A Organização Mundial da Saúde (OMS)
alega, inclusive, que os Estados Unidos estão caminhando para se tornar o novo
epicentro da doença.
O comunicado foi feito no início da semana (23) por Andrew
Cuomo, governador de Nova York. Ele anunciou que a Drug and Food Administration
(FDA) – a Anvisa dos EUA – autorizou o uso do plasma em situações emergenciais,
classificando-o como “novo medicamento em investigação”. Dessa forma,
cientistas também poderão realizar ensaios clínicos com transfusões de sangue e
confirmar a efetividade.
Mas como vai funcionar? Primeiro, o médico deve avaliar a
situação do paciente, vendo se há risco de vida. Então, deve enviar à FDA a
ficha do infectado solicitando permissão para o uso de plasma. A resposta chega
entre 4h e 8h depois. Após a infusão, espera-se que o paciente deixe de
apresentar deficiência respiratória. E que ganhe o tempo que precisa para que
seu organismo se livre do vírus por conta própria.
Caso as respostas ao método sejam positivas, pesquisadores
pretendem aplicá-lo também em médicos e enfermeiros contaminados, já que eles
precisam estar saudáveis para seguir trabalhando.
O nome da técnica é “terapia passiva de anticorpos” – é que,
ao invés de a pessoa ter de gerar os anticorpos, eles chegam prontos, de outra
pessoa que os desenvolveu. E o que temos é uma blitzkrieg, uma “guerra
relâmpago” contra o vírus.
Hospitais universitários aproveitaram para enviar protocolos
à FDA pedindo autorização para a realização de ensaios clínicos. Dessa forma,
pesquisadores poderão comparar o quadro de pacientes que passaram pela infusão
com outros submetidos a um placebo (procedimento sem interação no organismo),
registrando em números a efetividade. Pesquisadores chineses também estavam
realizando testes com plasma desde o início da doença na China, mas os
resultados não foram divulgados.
Em 2002, durante o surto da SARS (síndrome respiratória
aguda grave) foi feito um estudo em Hong Kong com 80 pessoas, para testar o
procedimento. Viram que aqueles que receberam plasma de pacientes curados
tinham maior chance de receber alta em menor tempo do que o grupo que não havia
passado por infusão. Em 2014, na epidemia de ebola, também usaram o método, mas
não há dados suficientes para comprovar a real efetividade.
A transfusão de sangue é uma solução rápida e relativamente
barata. A doação de sangue também não apresenta grandes riscos – é um
procedimento-padrão em todos os hospitais do planeta. Além disso, todos os
países que enfrentam a Covid-19, consequentemente, têm doadores em potencial.
Basta ver se a estratégia será implantada em outros locais além da China e
Estados Unidos.
Via | Superinteressante
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