Além do estudo, realizado em parceria com 18 hospitais de
todas as regiões do Brasil, a fundação também está construindo um centro
hospitalar de referência no RJ
Com a participação de 18 hospitais espalhados por 12 estados
de todas regiões do Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) irá liderar o
ensaio clínico multicêntrico da Organização Mundial da Saúde (OMS) no país. A
missão do projeto, anunciado em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (27), é
avaliar o uso de medicamentos no tratamento de casos graves da Covid-19. Serão
eles: cloroquina; hidroxicloroquina; remdezivir; lopinavir e ritonavir; e
lopinavir com ritonavir e interferon beta-1a.
"Ameaças globais, exigem respostas e operações
globais", afirma Valdileia Veloso, diretora do Instituto Nacional de
Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), em coletiva de imprensa. "O
ensaio Solidariedade, da OMS, vai ser conduzido em diversos países, com a
proposta de incluir o mais rápido possível um número grande de participantes e
voluntários e, com isso, chegar a uma resposta mais rápida de qual é o melhor
tratamento para a Covid-19."
O ensaio clínico tem um caráter adapativo e dinâmico, e pode
passar a incluir novos medicamentos caso seja observado que alguma das drogas
inicialmente listadas não apresenta uma boa resposta ao tratamento da doença.
O estudo será feito em hospitais do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Mato Grosso do
Sul, Bahia, Pernambuco, Ceará, Pará e Amazonas.
Alerta
Ainda sem evidências científicas, a infectologista Valdileia
Veloso também ressalta que não é recomendável a automedicação desses fármacos
para previnir ou tratar a Covid-19. "Eu gostaria de destacar a importância
da população estar alerta de que todo o medicamento tem efeitos colaterais,
incluindo a cloroquina e a hidroxicloroquina", disse a médica, citando os
medicamentos que ficaram em falta nas farmácias após ser divulgado que estavam
sendo testados para combater a pandemia.
"Não usem esses remédios. Apenas os médicos que
estiverem com pacientes em estado muito grave irão avaliar se o medicamento
pode ser usado para o tratamento desses casos", explica. Além disso, o
profissional deve avaliar se os pacientes fazem uso de outros medicamentos e se
possuem problemas cardiólogicos, pois esses fatores podem agravar a toxidade da
cloroquina.
Centro de referência
Além de liderar ensaios clínicos no Brasil, a Fiocruz também
anunciou a construção de uma unidade hospitalar de montagem rápida em
Manguinhos, no Rio de Janeiro, que será centro de referência no combate à
Covid-19 no país.
Chamada de Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 –
Instituto Nacional de Infectologia, a obra está sendo realizada em parceria com
o Ministério da Saúde (MS), que alocou R$ 140 milhões de recursos
extraordinários para sua construção.
"Este é um momento muito crítico da pandemia de
Covid-19 e de sua disseminação no Brasil", avalia Nísia Trindade Lima,
presidente da Fiocruz. "Uma vez qu está prevista escalada de casos, nosso
objetivo é salvar vidas e proteger nosso Sistema Público de Saúde, que tem que
lidar com outras doenças ao mesmo tempo."
O projeto inclui 200 leitos de tratamento intensivo e
semi-intensivo para pacientes graves infectados pelo vírus Sars-CoV-2,
ampliando, assim, a disponibilidade de leitos de UTI e ventilação mecânica. Por
ser um centro de referência, a internação de pacientes se dará pelo sistema de
regulação do Estado do Rio de Janeiro, não oferecendo atendimento à demanda
espontânea.
"A epidemia está avançando, saindo dos hospitais
privados e chegando aos hospitais públicos", comenta Roberto Pozzan,
subsecretário geral da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro.
"Em momento como esse, a gente não pode esquecer a importância da ciência
que, em tempos de crise, é a que responde melhor."
A previsão é de que, em 40 dias, 50 leitos de tratamento
intensivo e outros 50 de semi-intensivo estejam prontos para receber os
primeiros pacientes. A obra deve ser concluída em dois meses.
Para cumprir o prazo, o canteiro de obras funciona 24 horas
por dia. Você pode conferir uma imagem em 360º do local da construção no banco
de imagens da fundação.
Profissionais da saúde podem se candidatar às 1.030 vagas do
novo centro hospitalar por meio do edital lançado pela Fiocruz. Até o dia 3 de
abril, são aceitos currículos de médicos e enfermeiros intensivistas e
plantonistas, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas,
psicólogos, assistentes sociais, entre outros.
Via | Revista Galileu
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