Pesquisadores dos EUA analisam consequência do aquecimento dos oceanos combinados com a contaminação por pedaços minúsculos de plástico.
Você já deve ter ouvido falar de microplásticos – pedaços
microcópicos de plásticos que são resultado da degradação de diversos
materiais: garrafas, sacolas e até itens não tão óbvios, como roupas
sintéticas, cosméticos e pneus. Grande parte dessas partículas poluentes vai
parar no oceano (e eventualmente até mesmo na água que você bebe). Uma vez no
mar, os microplásticos acabam entrando no cardápio de diversas espécies
marinhas, como os corais
Não bastasse a gravidade dessa situação, as mudanças
climáticas contribuem para piorar ainda mais a qualidade de vida desses seres.
Por si só, o aumento da temperatura dos oceanos pode ser mortal para esses
animais, já que a água mais quente pode fazer com que eles fiquem
"estressados" e não consigam mais interagir com as algas simbióticas
que fornecem energia para sua sobrevivência. Com isso, os corais ficam mais
brancos e acabam morrendo.
Pesquisadores da Universidade de Washington (EUA), decidiram
analisar qual será a consequência do aquecimento dos oceanos combinado com os
microplásticos. Publicado na revista Scientific Reports, o estudo mostra que
alguns corais se adaptaram ao clareamento alterando suas dietas para se
alimentarem de pequenos organismos marinhos chamados zooplâncton, que fornecem
energia.
Como os corais mastigam esses pequenos animais, que
geralmente têm tamanho semelhante aos microplásticos, a equipe de pesquisadores
queria verificar se eles também engoliam fragmentos de plástico. Para isso,
analisaram duas espécies de corais comuns: durante algumas semanas, metade da
amostra foi exposta à água mais quente para induzir o estresse que leva ao
branqueamento.
Então foram feitos quatro tipos de experiências alimentares
com os corais: apenas com microplásticos, somente com zooplâncton, uma mistura
de microplásticos e zooplâncton e nenhum tipo de alimentação.
Os pesquisadores descobriram que os corais em temperaturas
mais quentes comiam muito menos do que os animais que viviam em temperatura
regular. A descoberta mais surpreendente, porém, é que uma das duas espécies,
conhecida por ter um hábito alimentar voraz, consumia microplásticos apenas ao
comer zooplâncton. Além disso, nenhuma das espécies de corais comeu
microplásticos isoladamente.
A equipe não descobriu por que uma espécie de coral come
microplásticos facilmente na presença de outros alimentos, mas evitam os
microplásticos isolados. A suspeita é que essa espécie de coral possa ler certos
sinais químicos ou físicos de plásticos, mas pode não ser capaz de perceber a
diferença quando o material está misturado com zooplâncton.
A outra hipótese é que o plástico usado nesse experimento
seja menos desejável para os corais, e que os materiais com uma composição
química diferente teriam outro resultado. Os pesquisadores planejam testar o
"sabor" de outros tipos de microplásticos, como fibras sintéticas de
roupas.
O estudo também afirma que algumas espécies de corais
provavelmente enfrentam maior risco de exposição a microplásticos do que
outras. O próximo passo é analisar os impactos na fisiologia dos corais
expostos por um período maior aos pedacinhos dos produtos que não paramos de
consumir.
Via | Revista galileu
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