Pesca predatória, poluição por fertilizantes e pesticidas,
mudanças climáticas, espécies invasivas...a lista de ameaças à imensidão azul é
crescente
Um novo estudo revela que 55 milhões de quilômetros
quadrados nos oceanos permanecem intocados por impactos negativos associados às
atividades humanas. Pode parecer muito, mas isso representa apenas 13% dos
oceanos do mundo.
O estudo, publicado na revista científica Current Biology, é
o primeiro a realizar um mapeamento sistemático do ambiente marinho global,
identificando áreas pouco afetadas pelas atividades humanas.
Para isso, os pesquisadores da Universidade de Queensland,
na Austrália e da Wildlife Conservation Society dividiram os oceanos em 16
regiões para análise e classificaram o estado de cada uma com base em 15
estressores antropogênicos (variáveis de impacto negativos associadas a
atividades humanas) e também no impacto combinado deles.
Pesca industrial predatória, poluição por fertilizantes
químicos e pesticidas, presença de espécies invasivas, travessia de embarcações
comerciais, águas acidificadas (efeito-colateral das mudanças climáticas) são
alguns dos estressores ambientais observados na pesquisa.
Os pesquisadores consideram que uma área é “intocada”, o que
chamam de “deserto marinho”, quando o impacto individual ou combinado dos
estressores é inferior a 10%.
Essas áreas marinhas selvagens encontram-se principalmente
em alto mar e apenas 5% delas estão dentro das áreas de proteção marinha
existentes.
Diante desse cenário, os pesquisadores exortam os governos a
adotarem uma postura mais proativa de proteção da natureza marinha, que deve
ser incorporada nas estratégias globais destinadas a conservar a biodiversidade
e os processos ecológicos.
“A vida selvagem marinha é negligenciada em estratégias de
conservação globais e nacionais, pois essas áreas são frequentemente
consideradas livres de processos ameaçadores e, portanto, não são uma
prioridade para os esforços de conservação”,
escrevem os pesquisadores em artigo publicado no site de divulgação
científica The Conversation.
“Nossos resultados mostram que isso é um mito, áreas
selvagens no oceano e em terra estão sendo rapidamente perdidas, e proteger o
que resta é crucial”, defendem. Uma das regiões de preocupação, segundo eles, é
o Ártico, que antes era considerado intocado, mas que “provavelmente verá novos
canais de navegação, pescarias e operações de mineração enquanto o gelo marinho
desaparece”.
Via | Exame
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