Evolução de algumas espécies pode ter barrado a produção de
um gene importante que os protegia de substâncias químicas nocivas
Um novo estudo mostrou que três grupos de mamíferos marinhos
pararam de produzir a mesma enzima, essencial para protegê-los de substâncias
químicas nocivas, incluindo alguns pesticidas que caem no oceano. Trata-se do
gene PON1. Os animais afetados são, principalmente, golfinhos, peixes-boi,
leões-marinhos e elefantes-marinhos.
De acordo com a pesquisa, cada uma destas espécies
adaptou-se à vida aquática à sua maneira. Uma análise de DNA recente apontou
que alguns genes evoluíram, mas outros simplesmente pararam de funcionar, como
o PON1 – conhecido pela defesa contra produtos tóxicos, geralmente os
Organofosfatos, uma classe de compostos que inclui pesticidas e agentes
nervosos, como o gás sarin.
A PON1 codifica a enzima Paraoxonase, que pode quebrar
rapidamente os Organofosfatos. O relatório mostrou que todos os mamíferos
marinhos perderam cópias do gene PON1, com algumas exceções: morsas, focas e
focas manchadas.
Os biólogos da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos,
Nathan L. Clark e Wynn K. Meye, sugerem que os mamíferos marinhos são
vulneráveis aos produtos que são transportados dos campos agrícolas para as
águas costeiras. Na estado norte-americano da Flórida, por exemplo, os
peixes-bois nadam pelos canais que correm diretamente pelas terras agrícolas.
Para ver se o gene PON1 foi realmente eliminado, os
pesquisadores coletaram plasma sanguíneo de alguns animais e adicionaram
pesticidas às amostras. Os resultados mostraram que o plasma de mamíferos
terrestres quebrou os químicos rapidamente. Mas o plasma de golfinhos,
peixes-boi, leões-marinhos e elefantes-marinhos não conseguiu eliminar as
substâncias químicas.
Segundo o estudo, os mamíferos não desenvolveram a enzima
Paraoxonase porque estes animais tiveram adaptação por milhões de anos. Uma
possibilidade é que seus organismos abandonaram a Paraoxonase quando começaram
a fazer mergulhos longos – quando se preparam para mergulhar, os bichos
marinhos sugam quantidades tremendas de oxigênio, o que pode criar muitas
moléculas prejudiciais ao oxigênio.
Para os especialistas, os mamíferos marinhos podem ter
desenvolvido uma maneira nova e mais poderosa de se defender contra moléculas
portadoras de oxigênio, tornando a PON1 desnecessária.
No momento, eles estão realizando mais pesquisas para
descobrir o motivo, e investigando o que isso pode significar: estas espécies
podem estar acumulanto lentamente os pesticidas em seus corpos. Ou a exposição
pode se tornar repentina se uma chuva forte cair logo após os agricultores
pulverizarem seus campos.
Dr. Clark e seus colegas planejam examinar peixes-boi e
golfinhos para ver o acúmulo de Organofosforados. "Eu não tenho conclusões
precipitadas", disse Clark ao jornal The New York Times. "Eu só quero
obter algumas respostas."
Via | Galileu
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