Para pesquisador, estudo pode servir como base para o
tratamento do Alzheimer
Durante 45 anos de sua vida, o neurocientista Eric Kandel,
vencedor do Prêmio Nobel de Medicina no ano 2000, dedicou-se ao estudo da
aplísia, uma espécie de lesma-do-mar. Interessado em descobrir os processos que
envolvem nossa memória, buscou estudar o animal com o sistema nervoso mais
simples que encontrou.
Seus experimentos se saíram melhor do que o esperado.
Descobriu que nossos neurônios fazem mais ou menos as mesmas coisas que o
gosmento ser marinho, com a diferença de que na gente eles se apresentam em em
maior número. Assim, conseguiu identificar os genes e proteínas que
possibilitam a permanência da memória nos neurônios.
Suas descobertas serviram de base para que outros
pesquisadores aprofundassem os conhecimentos sobre a memória. Agora, um grupo
de biólogos da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, afirma ter
conseguido transferir a memória de uma lesma-do-mar para outra.
Para isso, os cientistas deram leves choques elétricos na
cauda do bicho repetidas vezes, fazendo com que aumentasse o reflexo da lesma
de se contrair diante à agressão. Por fim, esses apresentavam contração
defensiva cada vez mais longas, chegando a 50 segundos. Um tipo simples de
aprendizado conhecido como "sensibilização".
Os pesquisadores extraíram o RNA dos sistemas nervosos
dessas lesmas traumatizadas e injetaram em sete que não receberam nenhum
choque. Esses, passaram a se contrair em defesa como se elas próprias tivessem
levado os choques, um processo que durou 40 segundos, em média. "É como se
tivéssemos transferido a memória", afirma David Glanzman, autor do estudo
e professor de biologia e fisiologia integrativa da UCLA.
Em seguida, os pesquisadores pegaram amostras de neurônios
de lesmas normais e, em uma placa de Petri, misturaram com o RNA de animais que
tiinham levado os choques e outros que não. Descobriram que, assim como
acontece no corpo vivo da lesma, os neurônios que tiveram contato com a
substância extraída das lesmas torturadas apresentou mais excitabilidade.
O biólogo está animado com a descoberta, que, segundo ele,
pode servir como base para desenvolver a cura para doenças — em humanos, não
lesmas. "Eu acho que, em um futuro não muito distante, poderíamos
potencialmente usar RNA para melhorar os efeitos do tratamento do Alzheimer ou
transtorno de estresse pós-traumático."
Via | galileu
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