Foto: Universidade Washington em St. Louis
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Cientistas estão testando o uso de um bafômetro para
diagnosticar a malária, doença potencialmente fatal causada por parasitas
transmitidos pelo mosquito Anopheles.
Pessoas com malária produzem "traços
respiratórios" distintos, que poderiam ser identificados pelo novo método.
Um protótipo do bafômetro já está sendo usado na África.
Um desses odores expelidos por pessoas infectadas é idêntico
a um cheiro natural que atrai os vetores da malária. Pinheiros e coníferas
exalam terpenos, substâncias que chamam mosquitos e outros insetos
polinizadores, dizem pesquisadores da Universidade Washington em St. Louis
(EUA).
Os cientistas acreditam que, ao produzir esse odor, pessoas
com malária possam atrair mosquitos e infectá-los ao serem picadas, espalhando
a doença.
Os resultados iniciais apontaram para um índice razoável de
diagnóstico em casos envolvendo crianças. Cientistas dizem, contudo, que o
bafômetro ainda precisa ser aprimorado para se transformar em uma alternativa
aos tradicionais exames de sangue.
Mas a professora Audrey Odom John e seus colegas envolvidos
na pesquisa acreditam que o aparelho pode se tornar um meio confiável de
diagnóstico precoce e, assim, ajudar a prevenir mortes.
Risco mundial
Em 2015, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 95
países e territórios notificaram transmissão da malária. Cerca de 3,2 bilhões
de pessoas - quase a metade da população mundial - correm risco de serem
infectadas pela doença.
Ainda de acordo com a OMS, eforam registrados 214 milhões de
casos de malária e 438 mil mortes em decorrência da doença em 2015.
A situação é pior na África, responsável por 88% dos
registros e por 90% das mortes.
Em áreas com alta transmissão, crianças com menos de cinco
anos são particularmente suscetíveis à infecção, doença e morte, afirma a OMS.
Segundo a organização, mais de dois terços (70%) de todas as mortes por malária
ocorrem nessa faixa etária.
Entre 2000 e 2015, porém, foi registrada uma queda na
incidência da malária entre as populações em situação de risco.
No Brasil, o Ministério da Saúde registrou 143 mil casos em
2015, o menor número em 35 anos. Naquele ano, foram 26 mortes, uma redução de
89% se comparado com os óbitos contabilizados em 2000.
O principal sintoma da malária é febre aguda. Em um
indivíduo não imune, a febre é acompanhada de dor de cabeça, calafrios e vômito
- os sinais normalmente aparecem entre 10 e 15 dias após a infecção. Se não for
tratada rapidamente com medicamentos, a doença pode evoluir para formas mais
graves e levar à morte.
Em áreas endêmicas, pessoas podem desenvolver imunidade
parcial, permitindo que infecções assintomáticas ocorram.
Seis odores diferentes
Exames de sangue mais rápidos e simples para o diagnóstico
de malária já estão disponíveis, mas têm alcance limitado, segundo os
pesquisadores da Universidade Washington. Além disso, podem ser caros, em
especial nas zonas rurais.
O bafômetro criado pelos americanos, que identifica seis
diferentes odores ou compostos orgânicos voláteis, é considerado um método
menos invasivo, além de não exigir amostras de sangue ou expertise.
Foram testadas amostras de respiração de 35 crianças com
febre no Malauí - parte delas com malária. O resultado foi preciso em 29
pacientes, indicando uma taxa de sucesso de 83% - considerada baixa para o
método ser usado rotineiramente. Os cientistas trabalham para aprimorar a
confiabilidade do bafômetro e tentar colocá-lo no mercado.
O professor James Logan, da London School of Hygiene and
Tropical Medicine, diz que o diagnóstico rápido da malária, em especial a
assintomática, é um desafio para o controle da doença.
"Uma nova ferramenta de diagnóstico, baseada na
identificação de (substâncias) voláteis associadas com a malária, é algo
animador."
Mas Logan ressalta que são necessários mais estudos para
identificar se o bafômetro é mesmo um teste confiável.
Os primeiros achados estão sendo apresentados em um encontro
anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical, que acontece em Baltimore,
nos EUA.
Via | BBCBRASIL
Via | BBCBRASIL
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