Ainda há sete desafios que precisam ser superados antes que
isso possa acontecer
(André Bdois/Mundo Estranho)
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Teoricamente sim, mas esse processo, cujo nome técnico é
“ectogênese”, ainda vai demorar bastante para acontecer. Isso porque o útero é
um órgão extremamente complexo. Hoje, já é possível salvar um bebê com pelo
menos 500 g ou 22 semanas de gestação. Trata-se de um limite jamais alcançado,
e que tem restrições: crianças que nasceram muito cedo possuem diversas
dificuldades fora do útero, como problemas respiratórios e maior chance de
infecção. Para expandir esse limite e abarcar desde a concepção até o
desenvolvimento completo do bebê, seria preciso reproduzir uma série de
mecanismos do útero. Confira os obstáculos para a criação dessa tecnologia.
Mãe de metal
Para criar um útero artificial, seria necessário superar
estes sete desafios
1) Expansão e composição
Um útero artificial precisaria imitar a elasticidade do
órgão, que aumenta de tamanho 50 vezes durante nove meses, e reproduzir o
líquido amniótico, que envolve o embrião e dá espaço para ele se desenvolver.
Durante a primeira fase da gravidez, esse líquido é basicamente água com
eletrólitos, mas depois do quarto mês inclui proteínas, carboidratos e
lipídios, essenciais para o crescimento
2) Vias de transporte
Seria necessário reproduzir a enorme vascularização entre
útero e placenta, que promove a interface de troca e permite o acesso do feto a
proporções ideais de oxigênio, glicose, nutrientes, vitaminas, anticorpos e
hormônios. Ou seja, não basta uma placenta artificial: é preciso um sistema de
alimentação dessa placenta que imite os milhares de vasos sanguíneos da
gestante
3) Sistema de retrolavagem
Ainda que um embrião não faça xixi e cocô como estamos
acostumados (até porque ele não come da mesma forma que nós), o bebê precisa
liberar metabólicos, como ureia, sódio e creatinina, através do cordão
umbilical. É essencial achar uma maneira de fazer a retirada precisa desses
excrementos sem colocar em risco a saúde do feto
4) Ativador epigenético
As características de um ser humano não dependem apenas do
DNA, mas também dos sinais provenientes do ambiente (incluindo o útero
materno), que determinam se certos genes são ativados. Ou seja, a experiência
dentro do útero estabelece algumas características do serzinho. Sem uma solução
engenhosa, essa influência se perderia em crianças de úteros artificiais, com
consequências ainda imprevisíveis
5) Interface de emoção
A interação constante com a mãe durante a gestação é
extremamente importante na gravidez: além de adiminuir a possibilidade de
rejeição, a ligação emocional estabelecida ajuda a criança a se sentir mais
confortável tanto na barriga quanto em seus primeiros dias de vida. Como
reproduzir isso em um útero artificial?
6) Combustível embriônico
O bom desenvolvimento do bebê está diretamente relacionado à
alimentação da mãe, que através do que consome fornece ao feto toda a nutrição
antes do nascimento. Seria então preciso sondar as necessidades nutritivas do
bebê e alimentá-lo sob medida com nutrientes como ácido fólico, vitamina C,
ferro, magnésio, cálcio e carboidratos
7) Injeção de hormônios
Como já acontece nos partos cirúrgicos atualmente, o parto
artificial implicaria na ausência de hormônios que aparecem no parto normal,
como a oxitocina, que protege a criança de danos cerebrais e ajuda no
desenvolvimento do cérebro, e a prolactina, que beneficia a amamentação. O
parto artificial, idealmente, teria que compensar essa falta
Via | Mundoestranho
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