Ela foi diagnosticada com hematidrose. Desde 1880, apenas 42
casos foram relatados
Sangramentos acontecem no rosto e nas palmas das mãos -
REPRODUÇÃO/CMAJ
|
O caso de uma jovem italiana deixou os médicos da
Universidade de Florença perplexos. Ela foi admitida na emergência do hospital
universitário com um histórico de três anos de sangramentos aparentemente
inexplicáveis, no rosto e nas palmas das mãos, dada a ausência de lesões na
pele. O caso foi relatado esta semana no periódico “Canadian Medical
Association Journal“.
Sem uma explicação aparente para a condição, a equipe médica
buscou detalhes. Segundo o relato da jovem, os sangramentos acontecem tanto ao
praticar atividades físicas, quanto ao dormir. Os episódios duram, de acordo
com ela, entre um e cinco minutos e são mais intensos durante períodos de
estresse emocional.
Por causa dos sangramentos inexplicáveis, a paciente passou
a se isolar por vergonha e demonstrou sintomas consistentes com depressão e
síndrome do pânico. Inicialmente, os médicos suspeitaram de um transtorno
factício, quando os próprios pacientes provocam danos a si mesmos para chamar
atenção, mas a hipótese foi descartada.
A jovem foi tratada contra depressão e desordens de
ansiedade, mas os sangramentos continuaram. Uma análise na secreção detectou a
presença de hemácias, direcionando o diagnóstico para a hematidrose, uma rara
condição que faz a pessoa “suar sangue”.
Na literatura, não existe uma explicação definitiva para a
origem do sangramento. Uma hipótese é que ele seria causado pelo rompimento de
finas veias que passam por glândulas sudoríparas, mas existem relatos de
sangramentos em regiões do corpo que não possuem essas glândulas. A jovem
italiana foi tratada com uma droga para o controle da hipertensão que ameniza o
sintoma, mas não cura totalmente.
Num comentário que acompanhou a descrição do caso, Jacalyn
Duffin, historiador da medicina e hematologista na Universidade Queen, em
Kingston, Ontário, relatou ter sido cético em relação à existência da
hematidrose, mas após uma revisão na literatura encontrou 28 casos nos últimos
13 anos, o que reverteu sua posição.
As descrições sobre “suar sangue” aparecem em escritos de
Aristóteles, no terceiro século a.C., e no período medieval algumas referências
à condição foram feitas relacionando a crucificação de Cristo com a condição.
Desde 1880 Duffin encontrou 42 casos relatados na literatura médica, sendo 18
nos últimos cinco anos.
Via | G1
Comentários
Postar um comentário