Após
mais de 30 anos do último teste com humanos, cientistas norte-americanos podem
ter encontrado uma maneira de destruir os vírus que causam a doença
Resfriado: o rinovírus pode ser especialmente perigoso para pessoas com fibrose cística e asma (Thinkstock) |
Sabe
aquele resfriado que você tem pelo menos uma vez por ano? Ele pode estar com os
dias contados. Cientistas americanos estão desenvolvendo uma vacina que poderá
proteger os seres humanos do rinovírus, vírus altamente contagioso causador do
resfriado. As informações são do site especializado STAT.
Apesar
de comum, o rinovírus se tornou um verdadeiro enigma para os infectologistas.
Ele foi descoberto na década de 1960 e, desde então, os cientistas tentam criar
uma vacina contra ele. A última vez que uma vacina contra o rinovírus passou
por testes em humanos foi em 1975.
O
que torna o rinovírus tão complicado é seu poder de evolução. Ele está em
constante transformação e, por isso, tem mais de 100 serotipos (vírus que se
distinguem por responder de maneira diferente a cada anticorpo). Desse modo, a
infecção por qualquer um deles não o protege contra os outros cem.
Para
criar sua vacina, a equipe composta por pesquisadores de várias universidades
norte-americanas decidiu voltar ao passado. Eles utilizaram uma abordagem da
década de 70, publicada por cientistas da Universidade de Virginia, que
conseguiu combinar dez serotipos diferentes em apenas uma vacina.
O
problema dessa solução, na época, é que se algum paciente tivesse um serotipo
que não estava na vacina, ele não seria protegido por ela. Assim, os
pesquisadores do estudo atual foram em busca de diferentes tipos de rinovírus
para analisar. Eles pediram a ajuda de James Gern, um cientista que reuniu
rinovírus de seus pacientes por mais de vinte anos.
“Nós
provavelmente temos uma das maiores coleções de ranho do mundo”, brincou Gern
em entrevista para o STAT. A partir disso, a equipe conseguiu isolar vários
tipos de rinovírus para depois extrair seus genes e armazena-los. Desse modo,
os genes puderam ser injetados em células humanas para se transformarem em
novos vírus.
Essa
técnica de multiplicação de genes é muito mais rápida do que a utilizada pelos
pesquisadores da década de 70. Além disso, eles podem confirmar que estão
avaliando o tipo certo de vírus com o método.
Em
vez de usar 10 tipos diferentes de rinovírus, os cientistas usaram 50 para
fazer o primeiro teste do experimento. Eles colocaram todos os vírus em apenas
uma vacina e a injetaram em macacos. Em seguida, eles retiraram sangue dos
animais e o misturaram com os vírus escolhidos. O resultado foi surpreendente,
pois revelou que os anticorpos responderam aos ataques de 49 dos 50 tipos.
A
descoberta foi publicada na renomada revista Nature. A equipe pretende
continuar com as análises e espera iniciar a fase clínica com humanos em breve.
Novas
abordagens
Os
pesquisadores norte-americanos não são os únicos em busca de uma vacina para o
rinovírus. O britânico Gary McLean, do Imperial College London, e seus colegas
estão desenvolvendo uma vacina que usa uma técnica totalmente diferente da
utilizada pelos estudiosos dos Estados Unidos.
No
passado, a maioria das vacinas faziam o sistema imunológico produzir anticorpos
apenas para as proteínas na superfície dos rinovírus. Quando os pacientes
vacinados eram infectados novamente, os anticorpos se uniam aos vírus e
atacavam o organismo.
O
que McLean descobriu foi que há outra maneira de lutar contra o rinovírus após
a sua invasão nas células humanas. Quando os vírus estão dentro das células,
sua camada de proteção se abre e eles lançam proteínas e genes. A partir disso,
as células reproduzem novos vírus.
Porém,
essas mesmas células também podem pegar as proteínas e coloca-las em suas
superfícies. McLean notou que, após injetar as proteínas internas dos rinovírus
em ratos, o sistema imunológico foi capaz de reconhece-las e ataca-las.
Essa
técnica chama atenção, pois as proteínas de um tipo de rinovírus são
extremamente similares às de outros tipos. Isso dificulta sua evolução para
formas diferentes do vírus. Assim, não é preciso colocar todos os serotipos de
rinovírus em uma vacina para que todos os tipos sejam destruídos.
O
rinovírus ataca diferentes partes do organismo, dependendo da situação da
pessoa. Enquanto o vírus fica depositado apenas no nariz em alguns indivíduos,
em outros ele pode atacar o pulmão. O vírus pode ser especialmente perigoso
para pessoas com asma, fibrose cística ou doença pulmonar obstrutiva crônica.
via revista exame
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