SEU VENENO É UM COQUETEL DE MOLÉCULAS PEPTÍDICAS
NEUROTÓXICAS
Vamos admitir, as conchas dos caracóis marinhos são
verdadeiras obras de arte, possuindo uma
combinação de cores que hipnotiza qualquer pessoa, mas, quando estivermos
falando do caracol-do-cone é melhor você correr. Pegar nele? Nem pense nisso!
Essa espécie de caracol, cujo nome científico é
Connus pannaeus possui um veneno poderosíssimo formado por centenas de
compostos, muitos deles encontrados até em venenos de cobra. Possui um
substância que é particularmente centenas de vezes mais potente que a morfina.
Pesquisas revelam que apenas uma gota do veneno desse “dócil” animal é
suficiente para matar 20 pessoas adultas.
Apesar de terrível ele não é uma descoberta
científica recente, a cerca de 25 anos os cientistas da Universidade de Utah
isolaram a molécula do veneno desse caracol
e constataram que possuía um poder analgésico nos humanos. Os estudos
não pararam por aí, esse só foi o ponta pé inicial de uma série de estudos que
duraram mais de 20 anos para conseguirem sintetizar em laboratório o mesmo
composto que atualmente é utilizado em um novo fármaco, chamado de Prialt (princípio
ativo é a ziconotida).
Umas das grandes
vantagens desse novo medicamento é seu absurdo poder analgésico, sendo
classificado como mil vezes mais potente que a morfina. O grande problema da
morfina é o seu poder de viciamento por ser uma molécula opióide, derivado de
ópio. Já a ziconotida não possui efeito viciante.
Muitas das moléculas que compõem o seu veneno ainda
não possuem estudos que provem ou indiquem suas respectivas ações, porém,
existem cerca de 6 tipos de toxinas que são bastante estudadas e suas ações no
corpo humano são completamente elucidadas.
É importante salientar que esse veneno pode ser
retirado de todos os caracóis do gênero Conus. O gene responsável pela
fabricação do veneno parece ter sofrido uma mutação ao longo das gerações o que
proporciona ao animal produzir suas toxinas rapidamente e com uma variedade
espantosa de moléculas.
O veneno pode ser retirado dos caracóis mortos ou
com o caracol vivo. O grande problema de se retirar sua glândula após a morte é
que dentro dela possui uma infinidade de milhares de compostos que muitas vezes
não são usados pelo caracol para matar a presa e isso dificuldade a isolação
dos principais princípios ativos. Já a retirada do veneno do caracol vivo
também é complicado porque não é fácil lidar com um animal grande, extremamente
perigoso e que não libera as toxinas facilmente.
A ação de suas neurotoxinas nos faz pensar que suas
vítimas (moluscos e peixes) não sintam dor. Como a inserção do veneno na presa
é de forma rápida, paralisando-o eficazmente e, logo em seguida, a ação
poderosa de seus analgésicos entram em ação, a presa poderá ser engolida e se
sentir nas nuvens por estar sob ação alucinógena e analgésica.
Fonte; jornalciencia
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