Atualmente, cerca de 75 milhões
de pessoas estão infectadas pelo vírus da Aids e até agora não se sabia ao
certo como a doença de alastrou pelo mundo. A novidade é que uma equipe de
cientistas do Reino Unido e Bélgica fizeram a reconstrução histórico genético
do HIV-1 grupo M, doença que tem causado grande transtorno mundial. A pesquisa
revelou que a doença teve sua origem em Kinshasa, capital da República Democrática
do Congo, entre os anos de 1909 e 1930 e também explicou os fatores que a
tornaram uma pandemia
O estudo utilizou pela primeira
vez todas as evidências disponíveis e através da técnica filogeográfica, foi
possível fazer uma estimativa estatística, no qual se busca a procedência do
vírus dando maior certeza de onde e quando a pandemia do HIV se originou. Com o
ponto de origem identificado, os cientistas foram capazes de compará-los com
dados históricos confirmando assim, que sua propagação ocorreu a partir de
Kinshasa seguindo um padrão previsível. A filogeografia é a análise dos eventos
históricos que podem ser responsáveis pela distribuição geográfica
contemporânea de indivíduos, no caso, o vírus HIV. Isto é possível considerando
a distribuição geográfica seguindo os padrões numa genealogia genética.
Os cientistas também descobriram
quais fatores favoreceram o vírus a se tornar uma pandemia. Como já se
estimava, o HIV realmente foi transferido de macacos e símios para humanos a
partir de um vírus conhecido como SIV presente no sistema imunológico de alguns
macacos como os chimpanzés.
O SIV não deixa os macacos doentes, mas tem alta
capacidade de mutação, o que levou a origem do HIV que causa a Aids. É provável
que a transmissão dos macacos para seres humanos se deu nas tribos da região do
Congo, onde é comum a caça de domesticação de chimpanzés e macacos-verdes.
Acredita-se que humanos mantiveram relações de zoofilia com estes animais, o
que desencadeou uma mutação do vírus. Teorias anteriores sugeriram que talvez o
HIV-1 grupo M era geneticamente diferente de outras cepas de HIV, ou que o
crescimento demográfico pode ter desempenhado um papel na sua propagação, o que
mostra que a pandemia entre os humanos não foi um evento isolado.
É provável que a transmissão dos macacos para seres humanos
se deu nas tribos da região do Congo, onde é comum a caça de domesticação de
chimpanzés e macacos-verdes. Acredita-se que humanos mantiveram relações de
zoofilia com estes animais, o que desencadeou uma mutação do vírus. Foto: ndig
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Os pesquisadores descobriram que
houve, de fato, uma “tempestade” de fatores levaram a este evento especial
desencadeando a pandemia global que enfrentamos até o presente momento. Esses
fatores incluem o crescimento urbano, fortes ligações ferroviárias em toda a
República Democrática do Congo, iniciativas de saúde pública que levaram ao uso
inseguro de agulhas e modificações no comércio sexual. Tais acontecimentos
favoreceram a disseminação do vírus rapidamente por toda a República
Democrática do Congo e posteriormente para outros continentes.
A equipe investiga mais
profundamente a evolução da cepa pandêmica HIV e sua relação com outras
doenças, a fim de encontrar mais uma visão de como o vírus conseguiu se
espalhar tão rápido. Mas eles estão confiantes de que esses estudos dão uma
sólida compreensão de sua origem e os fatores infelizes que levaram a sua
propagação.
Imagem de microscópio mostra o vírus da Aids deixando uma
célula infectada: estudo sugere que pandemia mundial de HIV começou em
Kinshasa, na África. Foto: oglobo
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Texto de: Paulo Alex
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