UM NOVO TIPO DE TERAPIA GENÉTICA FOI CAPAZ DE
REPROGRAMAR CÉLULAS PROFUNDAS NOS OLHOS DE RATOS, QUE CONSEGUIRAM PERCEBER LUZ.
Foto: Reprodução / New Scientist |
Após o tratamento, um teste simulava um ataque de
coruja, em vídeo, no qual os ratos demonstraram resposta positiva, fugindo do
predador.
Rob Lucas, da Universidade de Manchester, no Reino
Unido, é o colíder da equipe que desenvolveu e testou o tratamento. "O que
podemos dizer é que os ratos normais reagiram à coruja da mesma forma que os
ratos deficientes visuais tratados, enquanto os ratos não tratados não fizeram
nada", relatou ele.
A equipe injetou o gene de um pigmento que detecta a
luz nos olhos de ratos cegos para ajudá-los a ver objetos reais novamente. A
abordagem pretende atender a todos os tipos de cegueira, causados por danos ou
não, recuperando as células receptoras de luz. A maioria das terapias genéticas
para a cegueira se concentra na substituição de genes defeituosos das formas
mais raras, especificamente cegueira hereditária, como a Amaurose Congênita de
Leber.
O tratamento permite que que outras células
interiores da retina possam capturar a luz. Embora bastonetes (responsáveis
pela visão noturna) e cones (que distinguem a luz) normalmente convertam luz em
um sinal elétrico, as células ganglionares e bipolares anteriores são
responsáveis por processar esses sinais e enviá-los para o cérebro. Deixando
que elas produzam o pigmento de detecção de luz, seria possível compensar os
receptores perdidos, de acordo com os pesquisadores.
Para isso, os cientistas usaram a rodopsina,
pigmento utilizado pelos bastonetes para detectar brilho, que poderia ligar o
gene dentro do gânglio e das células bipolares. Esse DNA é inserido através de
um vírus nos olhos de ratos com os cones e bastonetes destruídos. Nas
tentativas anteriores, os ratos tratados só conseguiam perceber os objetos sob
luz extremamente brilhante. Por isso, a descoberta é crucial, também por ser a
primeira vez que um gene humano foi testado dessa maneira.
O vírus usado já está aprovado para uso em seres
humanos, e Lucas espera começar os testes humanos em cinco anos. "Este é o
exemplo mais eficaz do uso da terapia genética no tratamento de degeneração
avançada de retina", disse Robin Ali, da equipe da University College
London, que aplicou terapia genética em pessoas com Amaurose Congênita de
Leber.
Porém, Robert Lanza, diretor médico da Ocata
Therapeutics em Marlborough, EUA, afirma que é preciso ter cuidado com o
resultado, pois não se sabe a durabilidade do tratamento. Algumas pessoas com
Amaurose Congênita de Leber foram tratadas com terapia genética há alguns anos,
e a doença acabou regredindo ao longo do tempo.
Fonte: New Scientist Foto: Reprodução / New
Scientist
Comentários
Postar um comentário