Após uma longa luta pela vida, o médico norte-americano Ian Crozier
pensou que estava livre do ebola. Porém, ele não poderia imaginar que o vírus
ainda estava em seu corpo, instalado em seus olhos.
Olho sem Ebola: a íris do médico era azul antes da infecção |
Crozier foi internado no Hospital da Universidade de Emory por mais de
um mês em setembro do ano passado, depois de contrair ebola em Serra Leoa, onde
trabalhou em um hospital como voluntário da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Após dois meses fora do hospital, ele precisou voltar para uma bateria
de exames. Seu olho esquerdo estava doendo e a visão estava começando a ficar
turva, ele disse ao The New York Times.
O diagnóstico foi preciso: o ebola estava em seu olho. “Eu quase senti
que o ataque era pessoal, pois o vírus estava em meu olho sem eu saber”, ele
disse ao jornal. De acordo com os médicos, Crozier estava com uma inflamação na
camada média do olho, chamada de uveíte.
Olho com Ebola: o vírus alterou a cor da íris de um médico sobrevivente da epidemia |
Além das dores nos olhos, o médico sentia fadiga muscular e perda de
audição. De acordo com o New York Times, problemas similares estão afetando
outros sobreviventes no oeste da África. Existem relatos de pessoas que ficaram
completamente cegas ou surdas.
No caso de Crozier, o vírus estava presente no globo ocular, mas não
foi detectado em amostras de lágrimas e da membrana externa do olho.
Isso significa que o paciente não está em risco de propagação da
doença durante o contato casual (saliva, suor, sêmen e outros fluídos), de
acordo com um estudo do Jornal de Medicina da Nova Inglaterra.
Mesmo com tratamentos a base de esteroides, o olho continuava a doer.
Dez dias após os primeiros sintomas, o vírus transformou a cor dos olhos do
médico de azul para verde.
Como a doença estava avançando rapidamente, os médicos pediram permissão
para a Administração de Drogas e Comida dos EUA (FDA, órgão equivalente à
Anvisa brasileira) para utilizar uma droga antiviral experimental.
Após alguns dias desde a aplicação do medicamento, o olho esquerdo do
médico voltou gradualmente ao normal. No entanto, não ficou claro se a cura
aconteceu graças ao remédio ou ao sistema imunológico do paciente.
Crozier disse ao New York Times que acredita que as informações sobre
seu caso podem ajudar a prevenir a cegueira em sobreviventes do ebola.
"Talvez possamos mudar a história natural da doença para os
sobreviventes", disse o médico.
No
ano passado, cerca de 25 mil pessoas foram infectadas pelo ebola. Mais de 10
mil morreram, principalmente no oeste africano, em países como a Libéria, Serra
Leoa e Guiné
via exame
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