Apelidadas de rsPSCs, partículas são mais fáceis de crescer em
laboratório e têm vantagens para a produção em larga escala e de edição de
genes, características desejáveis em terapias celulares
Cientistas do Instituto Salk descobriram um novo tipo de célula-tronco
pluripotente (capaz de se desenvolver em qualquer tecido) cuja identidade está
ligada à localização em um embrião em desenvolvimento. No estudo, publicado
nesta quarta-feira na revista “Nature”, os cientistas relatam o uso destas
novas células estaminais para desenvolver o primeiro método confiável de
integração de células estaminais humanas em embriões de camundongos não
viáveis.
Os pesquisadores apelidaram esta nova classe de células de
“células-tronco pluripotentes de região seletivas”, ou rsPSCs. As rsPSCs são
mais fáceis de crescer no laboratório do que as células estaminais
pluripotentes humanas convencionais, e têm vantagens para a produção em larga
escala e de edição de genes (alterar o DNA de uma célula) — ambas
características desejáveis para as terapias de substituição de células.
Para produzir as células, os cientistas desenvolveram uma combinação
de sinais químicos que dirigiram células estaminais humanas, em laboratório, para
se orientar de forma espacial. Eles, então, inseriram as células-tronco humanas
orientadas espacialmente (rsPSCs humanos) em regiões específicas de embriões de
ratos parcialmente dissecados, e as cultivaram em laboratório por 36 horas.
Separadamente, eles também inseriram células estaminais humanas cultivadas,
utilizando métodos convencionais, de modo que pudessem comparar as técnicas
existentes com sua nova técnica.
Enquanto as células-tronco humanas produzidas através de métodos
convencionais não conseguiram integrar os embriões modificados, as rsPSCs
humanos começaram a se desenvolver em tecidos em estágio inicial. As células
nesta região de um embrião precoce sofreram alterações dinâmicas para dar
origem a todas as células, tecidos e órgãos do corpo. Na verdade, os rsPSCs
humanos começaram o processo de se diferenciar em células das três camadas
principais de desenvolvimento precoce de embriões, conhecidos como ectoderme,
mesoderme e endoderme. Os investigadores pararam as células de maior diferenciação,
mas cada camada germinativa seria teoricamente capaz de dar origem a tecidos e
órgãos específicos.
A equipe do professor Juan Carlos Izpisúa Belmonte, que colaborou com
Salk neste estudo, realizou extensa caracterização das novas células e
descobriu que as rsPSCs apresentaram características moleculares e metabólicas
distintas, bem como novas assinaturas epigenéticas — os padrões de modificações
químicas no DNA que controlam quais genes são ligados ou desligados sem alterar
a sequência de DNA.
— Não só precisamos considerar o timing, mas também as características
espaciais das células-tronco. Entender ambos os aspectos da identidade de uma
célula-tronco pode ser crucial para gerar tipos de células maduras e funcionais
para a medicina regenerativa — acredita Jun Wu, pesquisador de pós-doutorado no
laboratório de Izpisúa Belmonte e autor principal deste estudo.
via oglobo
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