Todos os olhos, na verdade, são castanhos
As cores da forma como nossos olhos enxergam são uma mistura
de biologia e física - o mesmo fenômeno que faz olhos de recém-nascidos
parecerem azuis
Elton John pede desculpas em “Your Song” porque não lembra
se os olhos do seu amor são azuis ou verdes. A verdade é que o cantor pode
ficar descansado: todos os olhos são, na realidade, castanhos.
A melanina é um pigmento natural que determina a cores do
nosso corpo, como o tom da pele, dos cabelo e dos olhos. Quanto maior a
concentração de melanina, mais escura será a tonalidade nesses três quesitos.
Só que a melanina é uma substância naturalmente marrom. Na pele e no cabelo,
isso é fácil de visualizar: as cores naturais são todas derivadas desse tom,
sendo mais claras ou mais escuras, mais rosadas ou mais amareladas.
Nos olhos, os tons de azul, verde, amarelo e cinza não tem
nada de pigmento – novamente, quem está em ação é apenas a melanina e seu tom
amarronzado de sempre. Então como olhos parecem tão coloridos? Para explicar o
fenômeno é preciso misturar biologia e física, como afirma o especialista Dr.
Gary Heiting, ao especial Color Scope da CNN.
Como na pele e no cabelo, temos concentrações diferentes de
melanina nos olhos. O pigmento se acumula em pequenas unidades separadas, os
melanocistos. A quantidade de melanina que se acumula nos olhos depende da
predisposição genética de cada um. Para os cientistas, cores mais “claras” de
olhos são fruto de mutações genéticas que levam a um depósito menor de melanina
nessas áreas.
No início da vida, recém-nascidos podem não ter produzido
ainda a quantidade total de melanina que terão durante a vida – por isso muitos
bebês parecem nascer com olhos azuis, que vão escurecendo ao longo do tempo.
Essa é a parte biológica. As cores como as enxergamos vêm da
física. De início, é importante lembrar que uma cor nada mais é que uma
propriedade da luz interpretada por nossos olhos. Em termos simples, a cor que
percebemos em um objeto é resultado dos diferentes comprimentos de onda de luz
que ele reflete – o que depende do objeto ser opaco ou translúcido, da
iluminação e também do pigmento com que o objeto é coberto. Esses espectros de
luz são compreendidos pelos nossos olhos como as cores.
É exatamente isso que acontece com os olhos coloridos.
Quanto mais melanina, mais luz é absorvida na íris. Menos luz é, portanto,
refletida, e temos um olho castanho escuro.
Em um olho azul, com pouca concentração de melanina, a luz é
refletida em uma proporção bem maior. Ela passa por um processo chamado de
dispersão, que faz com que a luz refletida seja emitida em comprimentos de onda
mais curtos. No “espectro de cores”, um comprimento curto de onda tende à cor
azul. Olhos verdes e cor de mel estariam no meio desse espectro, com uma
quantidade mediana de melanina, e menos luz refletida/dispersa.
A dispersão da luz é um fenômeno que não está presente só
nos nossos olhos – na atmosfera, inclusive, é ele que faz com que o céu seja
interpretado pelos nosso cérebro como azul.
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