Larvas carnívoras matam cervos em extinção nos EUA

Mais de 100 animais morreram desde julho, inseto era considerado erradicado no país desde a década de 1970

(FOTO: FILE:CSIRO/ WIKIMEDIA COMMONS)

A mosca varejeira (Cochliomyia hominivorax), velha conhecida da população brasileira e erradicada nos Estados Unidos desde a década de 1970, atacou sem aviso prévio uma população local de cervos da região de Monroe County, no estado da Flórida.
Mais de 120 animais morreram desde o início de julho literalmente comidos vivos pelas larvas do inseto, e as autoridades, sem experiência com casos similares, demoraram para identificar o problema.

Os cervos da espécie Odocoileus virginianus clavium, conhecidos popularmente como "key deers", estão em risco de extinção e ocorrem exclusivamente no extremo sul da península da Flórida. Eles são famosos, entre outras características, por suas boas relações com seres humanos e a capacidade de nadar grandes distâncias. Autoridades ambientais calculam que só restem 875 exemplares da espécie. 

A morte é lenta e desagradável. A fêmea da mosca põe seus ovos nas extremidades de feridas abertas em animais de sangue quente. É comum que animais de fazenda recém-nascidos sejam atacados na abertura deixada pela separação do cordão umbilical. Após a eclosão, que leva no máximo um dia, as larvas, famintas, corroem o corpo do hospedeiro por dentro. Até cartilagem e ossos podem servir de alimento.

Segundo o The New York Times, entre julho e setembro, 19 baixas já haviam sido registradas, mas funcionários de um abrigo animal da região confundiram as feridas abertas pelas larvas com ferimentos oriundos de brigas entre machos pelo domínio das fêmeas e do território.

Uma infestação semelhante foi registrada no sul dos Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950. Foram 20 milhões de dólares perdidos em animais mortos e 20 anos de investimentos do governo federal para sanar o problema.

A infestação já está sendo combatida. Sete milhões de moscas estéreis expostas a radiação em laboratório foram lançadas na região. Como as fêmeas acasalam apenas uma vez em seu curto período de vida, as taxas de reprodução dos animais já caíram, e veterinários calculam que a região estará livre da praga em seis meses. O U.S. Fish and Wildlife Service declarou que pela primeira vez desde julho o estado havia passado uma semana sem registrar nenhuma morte.


Autoridades sanitárias especulam que as moscas tenham chegado da América Central em embarcações marítimas. Todos os animais que saem da região pela principal rodovia de acesso estão senso inspecionados, mas não foram encontrados indícios de infecção em outras espécies.

via Galileu

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