NASA anuncia missões para revelar mistérios da infância do Sistema Solar
Missões 'Lucy' e 'Psyche' serão lançadas no início da
próxima década para explorar asteroides — e entender como era a vizinhança no
período em que o Sol era um bebê de apenas 10 milhões de anos
OS ASTEROIDES ESTÃO COM TUDO: MISSÕES PSHYCHE E LUCY VÃO EXPLORAR RELÍQUIAS DO SISTEMA SOLAR PRIMITIVO (FOTO: SWRI AND SSL/PETER RUBIN) |
Quando um adulto quer recordar momentos inacessíveis da
primeira infância, costuma recorrer aos pais à procura de histórias,
fotografias ou vídeos que remontem àqueles momentos imemoriais que parecem
perdidos no tempo. Mas se a ideia for sondar o período em que o Sol era um bebê
recém-nascido, é preciso recorrer a sondas que se aventurem em lugares jamais
explorados pelos humanos até agora. É exatamente isso o que a NASA pretende
fazer, conforme anunciou em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira
(4) em Washington.
A agência espacial oficializou o financiamento de duas novas
missões espaciais dedicadas a compreender os anos mais obscuros de nosso
Sistema Solar: estamos falando de 10 milhões de anos depois da formação de
nossa estrela-mãe. Hoje ela tem mais de 4,5 bilhões. Naqueles tempos, nossa
vizinhança cósmica era caótica, repleta de protoplanetas que colidiam
constantemente um contra o outro. Não havia muita estabilidade em termos
planetários. Acontece que esse caos todo deixou rastros que flutuam até hoje
pelo espaço: os asteroides.
No material primordial que eles preservam intacto estão as
pistas necessárias para entender como o Sistema Solar se formou e se tornou o
que é hoje. Os asteroides são tão importantes que as duas novas missões
anunciadas pela NASA, Psyche e Lucy, têm eles como objeto de estudo. "Lucy
irá visitar um ambiente rico em alvos dos misteriosos asteroides troianos de
Júpiter, enquanto Psyche vai estudar um asteroide de metal único que nunca foi
visitado antes", diz em comunicado Thomas Zurbuchen, administrador associado
do Diretório de Missões Científicas da NASA.
Ambas as missões foram selecionadas a partir de cinco
finalistas do Programa Discovery, que promove missões de exploração espacial de
baixo custo com objetivos bem específicos. Com custo estimado de US$ 450
milhões cada, a primeira a ser lançada será Lucy, em 2021: ela fará uma viagem
até a órbita de Júpiter, onde estudará entre 2027 e 2033 seis asteroides de um
grupo chamado de "troianos de Júpiter".
OS FÓSSEIS DO SISTEMA SOLAR
Acredita-se que sejam restos primordiais da formação dos
gigantes gasosos exteriores que foram capturados pela gravidade jupiteriana.
"Eles carregam pistas vitais para decifrar a história do Sistema Solar.
Lucy, como o fóssil humano pelo qual foi nomeada, vai revolucionar o entendimento
de nossas origens", disse no mesmo comunicado Harold Levison, investigador
principal da missão e pesquisador do Southwest Research Institute, no Colorado.
Já Psyche será lançada em 2023 para explorar a partir de
2030 um alvo muito especial no cinturão de asteroides, localizado entre Marte e
Júpiter: um gigantesco asteroide metálico de 210 quilômetros de diâmetro.
Composto de ferro e níquel, tem a mesma composição do núcleo da Terra. E é
exatamente isso o que os astrônomos pensam que ele é — o núcleo de um
protoplaneta que foi despedaçado devido à violência daquelas colisões caóticas
que ocorriam há bilhões de anos.
Estudá-lo fornecerá aos cientistas a chance única de visitar
um núcleo planetário e entender como os planetas e outros corpos foram separados
em camadas no início de suas existências. "É uma oportunidade de explorar
um novo tipo de mundo, não um de rocha ou de gelo, mas de metal", diz ainvestigadora principal da missão Lindy Elkins-Tanton, da Arizona State
University. É como olhar para fora para entender o planeta Terra por dentro. E
as provas, como a NASA mais uma vez deixou bem claro, estão escondidas nos
asteroides, os fósseis do Sistema Solar.
via revista galileu
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