BURACOS NEGROS NÃO DESTROEM INFORMAÇÃO, AFIRMAM CIENTISTAS
ESTUDAR AS INTERAÇÕES ENTRE AS
PARTÍCULAS IRRADIADAS POR UM BURACO NEGRO PODE SER A CHAVE PARA RESOLVER UM
PARADOXO QUE TIRA O SONO DOS FÍSICOS HÁ 40 ANOS
Em 1974, Stephen Hawking propôs
que a energia perdida pelos buracos negros através da liberação de partículas
poderia, eventualmente, fazer com que eles evaporassem e desaparecessem por
completo. Os trabalhos do físico na época lhe renderam a nomeação de seu objeto
de pesquisa, que passou a ser conhecido como radiação Hawking; mas um paradoxo
também surgiu destes estudos, daqueles que se arrastam por décadas e geram
debates intermináveis, causando polêmica entre os especialistas. Quando o
buraco negro desaparece, o que acontece com a informação contida dentro dele? É
perdida para sempre?
Se
for assim, a ideia viola a mecânica quântica, que trabalha com a noção de que a
informação deve ser conservada em qualquer circunstância. Mesmo que Hawking
futuramente tenha relativizado sua posição, alegando que a informação poderia
chegar a escapar, nunca ficou claro se seria possível recuperá-la e, se sim,
como isso poderia ser feito. Um artigo recente escrito por físicos da
Universidade de Buffalo, em Nova York, lança uma nova luz sobre a questão. “De
acordo com nosso trabalho, a informação não é perdida uma vez que entra em um
buraco negro”, disse em um comunicado Dejan Stojkovic, autor principal do
estudo e professor associado na instituição.
“Ela não simplesmente
desaparece”, afirma o pesquisador, que avaliou não apenas as partículas
emitidas por um buraco negro, mas também aspectos relacionados com as
interações sutis entre
elas – como a atração
gravitacional e o intercâmbio de fótons. Stojkovic acredita que a descoberta é
importante pois até mesmo os físicos que defendem a versão de que a informação
não é perdida têm dificuldades em demonstrar isso matematicamente. Ele afirma
que o artigo apresenta cálculos detalhados sobre como a informação é
preservada, além de mostrar o caminho para que seja recuperada através do
estudo das interações entre as partículas.
Elas
são capazes de revelar dados sobre o que tem lá dentro, desde características
do objeto que deu origem ao buraco negro, até informações sobre a matéria e
energia contidas nele. No entanto, as interações normalmente são
desconsideradas pelos cientistas. “Essas correlações eram frequentemente
ignoradas em cálculos relacionados, já que se pensava que elas eram pequenas e
incapazes de fazer uma diferença significativa”, diz Stojkovic. “Nossos
cálculos explícitos mostram que, mesmo que as correlações comecem muito
pequenas, elas crescem com o tempo e se tornam grandes o bastante para alterar
o resultado”.
via gali
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