Com um mês de atraso, Prefeitura e Oxitec vão começar
soltura em quatro bairros. Cidade é a primeira do país a receber a nova
linhagem do mosquito; iniciativa tenta reduzir casos de dengue.
Um mês após o prazo informado inicialmente, Indaiatuba (SP)
inicia, na manhã desta quarta-feira (23), a liberação da nova geração do
"Aedes do Bem", como chama a empresa que produz o mosquito
geneticamente modificado para diminuir os casos de dengue, zika e chikungunya.
A cidade é a primeira no país a receber a nova linhagem do inseto transgênico.
Em janeiro, a Oxitec, empresa responsável pela mutação
genética das espécies, e o governo do município, haviam informado que a
previsão de soltura era para abril, mas trâmites burocráticos adiaram o começo
dos trabalhos.
O novo "Aedes do bem" é do tipo OX5034, uma
evolução do inseto já testado e utilizado em Piracicaba (SP) e Juiz de Fora
(MG) desde 2015.
De acordo com a Prefeitura, a liberação acontecerá nos
bairros Morada do Sol, Cecap, Jardim Itamaracá e Jardim Moacyr Arruda, com
chance de ampliação. Os bairros Jardim Oliveira Camargo e Jardim São Conrado
serão monitorados para efeitos de comparação, mas não receberão a linhagem do
Aedes.
População entrou em contato com 'Aedes do Bem' em Piracicaba
em 2015; novos mosquitos são outra geração (Foto: Rodrigo de Proença
Guidi/Secretaria de Saúde) População entrou em contato com 'Aedes do Bem' em
Piracicaba em 2015; novos mosquitos são outra geração (Foto: Rodrigo de Proença
Guidi/Secretaria de Saúde)
A Oxitec recebeu a autorização da Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança (CTNBio) para realizar os testes da nova espécie do
"Aedes do Bem" em Indaiatuba no mês de agosto. A empresa informou que
o monitoramento das áreas será realizado com "ovitrampas" (armadilhas
para ovos) e armadilhas para mosquitos adultos. As amostras serão coletadas uma
vez por semana e enviadas ao laboratório para análise.
Os mosquitos serão soltos durante 12 meses, de três a seis
vezes por semana. Segundo a Oxitec, a quantidade dos insetos é baseada de
acordo com a estimativa populacional do local. Veja o cronograma de liberação:
Cecap – 500 mosquitos por habitante/semana
Jd. Itamaracá – 100 mosquitos por habitante/semana
Jd. Moacyr Arruda – 100 mosquitos por habitante/semana
Morada do Sol – 500 mosquitos por habitante/ano
A Prefeitura de Indaiatuba informou que foram notificados 42
casos de dengue na cidade neste ano, com 9 confirmações (8 autóctones e 1
importado). As notificações de zika (4) e chikungunya (5) foram descartadas
após exames.
Aedes do Bem
O "Aedes do Bem" é necessariamente macho, já que
os mosquitos machos não picam ou transmitem doenças. Ele cruza com as fêmeas
selvagens e as larvas geradas por ela, indiferentemente do sexo, não chegam à
fase adulta, como consequência, a população da espécie na região é diminuída.
A nova linhagem desenvolvida tem as mesmas características
da primeira, utilizada em Piracicaba (SP) e Juiz de Fora (MG), mas com a
diferença de que, depois que o macho cruza, somente as descendentes fêmeas
morrem.
Os filhotes machos herdam apenas o gene do mosquito
transgênico e a cada cruzamento, seguem as mortes somente das fêmeas,
diminuindo a sua população. Os novos machos herdam os genes do mosquito
modificado e, após cada cruzamento, seguem as mortes somente das fêmeas, diminuindo
a sua população.
Os mosquitos machos não picam e nem transmitem doenças.
Somente as fêmeas picam os humanos, pois precisam do sangue para produzir os
ovos. Com isso, os riscos de transmissão da dengue, chikungunya e zika
diminuem.
Piracicaba
Em abril do ano passado, foram divulgados os resultados do
uso do mosquito transgênico em três bairros de Piracicaba. A iniciativa
alcançou 81% de supressão de larvas selvagens do Aedes aegypti na área tratada,
em comparação com a área não tratada.
"Com níveis de liberação do mosquito trangênico 59%
inferiores no ano passado, na comparação com 2015, o índice de supressão
demonstra a força e o efeito duradouro da solução da Oxitec", afirmou a
empresa.
No bairro São Judas, região onde o Aedes do Bem foi liberado
pela primeira vez em meados de 2016, a redução de larvas selvagens do Aedes
aegypti alcançou 78%, na comparação com a área não tratada, em apenas seis
meses.
Um mosquito Aedes aegypti macho geneticamente modificado é
visto na fábrica Oxitec em Piracicaba, no interior de São Paulo. Batizado de
'Aedes do bem”, o mosquito produzido pela empresa possui uma alteração genética
que torna sua prole estéril (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
Via | G1
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