Uma mulher espanhola de 55 anos morreu depois de ser tratada
com uma terapia que usa picadas de abelha – tratamento alternativo divulgado
pela atriz americana Gwyneth Paltrow.
A mulher, cujo nome não foi divulgado, vinha recebendo
acupuntura feita com abelhas vivas há dois anos quando desenvolveu uma forte
reação.
Ela morreu algumas semanas depois, devido à falência
múltipla de órgãos.
Pesquisadores que estudaram o caso dizem que a terapia com
abelhas "não é segura nem aconselhável".
Esta é aparentemente a primeira morte causada pelo
tratamento de alguém que costumava ser tolerante a picadas de abelha.
O caso da mulher foi descrito na revista científica Jornal
de Alergologia e Imunologia Clínica Investigativa, em um artigo escrito pelos
médicos da divisão de alergia do Hospital Universitário de Madri.
A paciente vinha recebendo o tratamento cerca de uma vez por
mês havia dois anos em uma clínica particular – o objetivo era relaxar os
músculos e diminuir o stress.
Em uma sessão, ela começou a sentir falta de ar e desmaiou
logo depois de ser picada por uma abelha.
Ela recebeu medicação, mas não havia adrenalina disponível
(para reanimação cardiorrespiratória). A ambulância demorou 30 minutos para
chegar.
A mulher não tinha histórico de outras doenças, fatores de
risco ou reações alérgicas.
Os médicos que revisaram seu caso descobriram que um choque
anafilático provocado pelo veneno causou um infarto, coma e falência múltipla
de órgãos.
O que é apiterapia?
O tratamento com picada de abelhas é conhecido como
apiterapia – ramo da medicina alternativa que também usa mel, própolis e veneno
para aliviar sintomas de doenças.
Embora alguns benefícios já tenham sido relatados, se
tratavam de casos isolados.
A teoria por trás desse tipo de tratamento é a de que as
picadas causariam inflamações que gerariam uma resposta anti-inflamatória no
sistema imunológico. Mas cientistas dizem que não há nenhuma pesquisa que
mostre que o tratamento é realmente efetivo.
Em uma entrevista ao jornal americano New York Times em
2016, Gwyneth Paltrow disse que já havia feito o tratamento, que ela também
divulgou em seu site, Goop, que fala sobre saúde.
O ator escocês Gerard Butler também passou pelo tratamento –
acabou tendo que ser hospitalizado depois de ser injetado com o veneno de 23
abelhas.
Os médicos que publicaram o caso da mulher espanhola
alertaram para a importância de os pacientes estarem muito bem informados sobre
os diversos riscos da apiterapia antes de se submeterem a ela.
Eles também dizem que quem aplica o tratamento precisa ter
treinamento para lidar com alergias e reações severas, deve ser capaz de
identificar pacientes com maiores fatores de risco e que precisa garantir uma
estrutura adequada para lidar com um possível caso de choque anafilático.
O paciente também precisa ter rápido acesso a uma unidade de
tratamento intensivo.
O problema é que, como o tratamento costuma ser em clínicas
alternativas particulares e não em hospitais, essas recomendações nem sempre
são seguidas.
"Os riscos da apiterapia podem exceder os supostos
benefícios", diz Ricardo Madrigal-Burgaleta, um dos autores da pesquisa
sobre a morte da mulher.
Segundo Amena Warner, chefe da área de alergia do serviço de
saúde inglês, "o uso pouco ortodoxo de veneno de abelha tem grandes riscos
e pode gerar situações sérias, que ameaçam a vida de pessoas com mais
susceptibilidade a alergias".
Via bbc
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