Cientistas ingleses alertam que a eficácia da pílula pode
diminuir se a mulher pesar mais que 70 kg
(Eugene_Axe/iStock) |
A pílula do dia seguinte (PDS) é muito utilizada como
solução contraceptiva de emergência, mas pode ser ineficaz para mulheres acima
do peso – é o que diz um grupo de cientistas da Faculdade de Saúde Sexual e
Reprodutiva (FSRH), da Universidade inglesa Royal College of Obstetricians and
Gynaecologists.
De acordo com a FSRH, o medicamento pode acabar diluído no
corpo das pacientes com mais de 70 kg ou índice de gordura corporal (IMC)
superior a 26, o que compromete sua eficácia. No anúncio, a instituição
destacou a importância de que médicos conversem com suas pacientes sobre a
forma de utilização e os riscos da pílula, e reforça que o método mais efetivo
de contracepção é o DIU de cobre (disponível pelo SUS, no Brasil).
Cientistas já especulavam sobre a interferência do peso no
desempenho da pílula do dia seguinte para evitar uma possível gravidez, mas só
agora essa suspeita foi esclarecida. O dado mais preocupante talvez seja o peso
estabelecido pela FSRH como seguro para uso da pílula: mais da metade das
britânicas se encaixam no perfil de risco e isso representa um impacto
significativo nas opções que elas dispõem à contracepção.
No Brasil, de acordo com o último levantamento da
Organização Mundial da Saúde, 22,7% das mulheres são obesas. Sendo assim, a
vulnerabilidade da pílula em relação ao peso pode afetar 23 milhões de
brasileiras – o dado não exclui mulheres idosas ou inférteis.
Devido às altas taxas do hormônio progesterona (também
encontrado nas pílulas tradicionais de cartela), a pílula do dia seguinte
bloqueia a ovulação, evita a fertilização dos óvulos e interrompe a formação do
endométrio gravídico, uma camada que cobre o útero para receber o óvulo
fecundado. Essa camada “berço” descama e dá origem à menstruação.
Para garantir a eficácia da PDS, o ideal é que a mulher tome
a pílula com o menor intervalo de tempo possível após a relação sexual desprotegida,
tendo 72 horas para fazê-lo. Pela alta dosagem hormonal, os médicos defendem
que ela não seja utilizada mais que uma vez ao ano e que seja apenas uma
alternativa em casos de sexo sem proteção; nas relações em que o preservativo
romper ou em situações de violência sexual.
A própria FSRH destaca que a melhor forma de evitar uma
gravidez indesejada é a proteção. Não à toa, a pílula do dia seguinte também é
chamada de pílula plano B.
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