Uma das questões que mais preocupa a comunidade internacional é justamente essa: quão avançado estaria o programa nuclear da Coreia do Norte?
O desfile do "Dia do Sol", que comemora o nascimento do fundador do país, é o momento em que a Coreia do Norte exibe todo seu arsenal militar; o último aconteceu neste sábado |
Ainda não há resposta clara para isso, mas foi exatamente
para buscá-la que o presidente americano Donald Trump enviou um de seus grupos
de combate de elite, incluindo um porta-aviões, à península coreana.
O que se sabe com mais certeza é o tamanho da reserva de
mísseis - que ficou perceptível graças aos testes realizados pelo país e ao uso
dos mesmos no "Dia do Sol", o desfile militar mais importante da
nação asiática onde eles mostram todo o seu arsenal militar (a última edição
dele foi neste sábado).
Uma data marcada pela tensão internacional e pela resposta
da Coreia do Norte aos Estados Unidos dizendo que está "pronta para
responder ao golpe com ataques nucleares".
Acredita-se que a Coreia do Norte tenha mais de mil mísseis
de capacidades distintas, incluindo os de longo alcance - que poderiam
supostamente alcançar os Estados Unidos.
O programa de armas de Pyongyang teve grandes progressos nas
últimas décadas - do foguete tático de artilharia em 1960 e 1970 aos mísseis
balísticos de curto e longo alcance nas décadas de 1980 e 1990. E agora, um
sistema de maior alcance está sendo pesquisado e desenvolvido.
Alcance dos mísseis
Curto alcance: 1 mil km pelo menos
Médio alcance: 1.000 - 3.000 km
Alcance intermediário: 3.000 a 5.500 km
Alcance intercontinental: mais de 5.500 km
Fonte: Federação Americana de Ciências
Mísseis de curto alcance
O programa de mísseis da Coreia do Norte começa com os
Scuds, que chegaram até eles pela primeira vez pelo Egito em 1976.
Já no ano de 1984, os norte-coreanos estavam construindo sua
própria versão do míssil, denominado Hwasong.
Acredita-se que haja uma variedade desses mísseis de curto
alcance - que poderiam alcançar alvos mais próximos, como a vizinha Coreia do
Sul.
As relações entre as duas Coreias são tensas e se mantêm,
tecnicamente, em constante alerta de guerra. Os Hwasong-5 e Hwasong-6, também
conhecido como Scud-B e Scud-C, contam com alcances de 300 e 500 km
respectivamente, segundo o Centro de Estudos de Não Proliferação de Armas dos
Estados Unidos.
Esses mísseis transportam cabeças explosivas tradicionais,
mas também podem ter cabeças com capacidade biológica química ou nuclear.
Ambos os mísseis já foram testados e utilizados - inclusive,
o Hwasong-6 já foi vendido ao Irã.
Mísseis de médio alcance
A Coreia do Norte lançou um programa especial ao fim da
década de 1980 para construir um míssil de médio alcance conhecido como Nodong
- que tem um alcance de mil quilômetros.
O míssil foi desenhado com base no Scud, mas é 50% maior e
com um motor mais poderoso.
Em uma análise de abril de 2016, o Instituto Internacional
para Estudos Estratégicos, que tem base em Londres, disse que esses mísseis
poderiam comprovadamente alcançar a Coreia do Sul e até mesmo o Japão.
O Instituto avaliou também que uma variante dele
desenvolvida em outubro de 2010 poderia até alcançar 1,6 mil quilômetros, o que
significava atingir as bases americanas na ilha de Okinawa, no sul do Japão.
Mísseis de alcance intermediário
A Coreia do Norte passou anos desenvolvendo mísseis Musudan,
com os quais realizou vários testes em 2016.
As estimativas sobre seu alcance são bastante diferentes. A
inteligência de Israel afirma que eles alcançam cerca de 2,5 mil quilômetros,
enquanto a Agência de Defesa de Mísseis dos Estados Unidos calcula que chegue a
3,2 mil quilômetros. Outras fontes dizem que pode alcançar até mesmo 4 mil
quilômetros.
Segundo essas estimativas, mesmo o menor número de alcance
do Musudan - que também é conhecido como Nodong-B - já é suficiente para que
ele chegue à Coreia do Sul e ao Japão.
E em seu alcance maior, um desses mísseis pode chegar até a
base militar americana em Guam, na Micronésia. Sua carga explosiva é
desconhecida, mas estima-se que ela fique entre 1 e 1,25 toneladas.
Além disso, a Coreia do Norte afirma ter testado um
"míssil balístico de médio a grande alcance", o Pukguksong, em agosto
de 2016, lançado a partir de um submarino. No último mês de fevereiro, ela
voltou a realizar testes desses mísseis, desta vez partindo da terra.
O governo da Coreia do Norte diz que usa combustível sólido,
o que faz o lançamento dos mísseis ser mais rápido. O alcance deles, porém,
ainda é desconhecido.
Mísseis multi-etapa
Um míssil multi-etapa é um míssil lançado em duas ou mais
partes - ou "etapas"- e cada uma delas têm seus próprios motores e
propulsores.
O Taepodong-1, conhecido como Paektusan-1 na Coreia do
Norte, foi o primeiro míssil multi-etapa do país, testado em 1998 como lançador
espacial.
A Federação Americana de Ciências (FAS, na sigla em inglês),
um centro de estudos independente, acredita que o Tapodong-1 estava composto em
sua primeira etapa por um míssil Nodong e na segunda por um Hwasong-6.
Depois desse, veio o Paektusan-2, que também é um míssil de
duas ou três etapas, mas com avanços significativos. Esses foram testados
várias vezes na última década.
Seu alcance é estimado entre 5 mil e 15 mil quilômetros. O
Centro de Estudos de Não Proliferação de Armas coloca seu alcance máximo como
sendo 6 mil quilômetros.
A Coreia do Norte se refere ao lançador do Taepodong-2 como
"Unha", que significa galáxia, em coreano. Ele foi utilizado com
êxito em fevereiro de 2016 para lançar um satélite.
Apesar de os lançamentos espaciais e os lançamentos de
mísseis terem trajetórias distintas - e de os foguetes serem otimizados para um
propósito diferente -, a tecnologia básica utilizada é a mesma. Isso inclui a
estrutura, os motores e o combustível.
Se o Taepodong-2 tiver seu lançamento bem-sucedido, ele chegará
ao alcance máximo estimado, o que significa que poderia ir até a Austrália e
partes dos Estados Unidos - além de outros países dentro desse perímetro.
Mísseis balísticos intercontinentais
No discurso de Ano Novo, o líder norte-coreano Kim Jong
assegurou que o país estava na etapa final de desenvolvimento de um míssil
balístico intercontinental.
Acredita-se que a Coreia do Norte esteja desenvolvendo seu
míssil de maior alcance, conhecido como KN-08 ou Hwasong-13.
O objetivo do país parece ser colocar uma ogiva nuclear em
um míssil balístico intercontinental, que consiga atingir alvos ao redor do
mundo. Até agora, cinco testes nucleares já foram realizados em busca deste
objetivo.
Um dos primeiros sinais de sua construção foi em setembro de
2016, quando o país provou um novo motor de foguete que poderia alimentar um
míssil balístico intercontinental.
O Pentágono acredita que a Coreia do Norte tem ao menos seis
KN-08, que podem alcançar a maior parte dos Estados Unidos.
Acredita-se, inclusive, que o país conseguiu desenvolver uma
versão melhorada, o KN-14.
Existe a possibilidade de a Coreia do Norte estar muito
perto de desenvolver um míssil de grande alcance nuclear. Pyongyang afirma ter
miniaturizado ogivas nucleares para usá-las em mísseis, mas especialistas dizem
duvidar, por falta de provas.
Via bbcbrasil
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