O Natural Cycles é o primeiro software do mundo certificado
como método contraceptivo
(iStock | Altayb) |
Quando as primeiras pílulas anticoncepcionais foram lançadas
na década de 1960, sua chegada no mercado significou uma revolução nos hábitos
sexuais – e foi um grande passo rumo à emancipação das mulheres no mundo
ocidental.
Agora, quase 60 anos depois, surge o Natural Cycles, um
método inovador como uma saída à contracepção hormonal instigando as mulheres a
tomarem conhecimento sobre seus próprios corpos. Trata-se de um aplicativo que
monitora com algoritmos a taxa de fertilidade feminina, sem intervenção de
hormônios ou dispositivos no organismo.
Na prática, funciona quase como uma tabelinha 2.0: todos os
dias a usuária mede sua temperatura com um termômetro basal colocado debaixo da
língua e registra no app para que o algoritmo calcule seu ciclo menstrual e
suas possíveis variações. A temperatura é crucial para visualizar em que fase
do ciclo a mulher está. Por exemplo: depois da ovulação, o aumento dos níveis
de progesterona faz com que o corpo da mulher fique 0.45ºC mais quente. O calor
também interfere na taxa de sobrevivência dos espermas, nas alterações no ciclo
e, consequentemente, nos picos de fertilidade. É o resultado desse cálculo que
determina como o aplicativo vai alertá-la: com um cartão vermelho sobre a
necessidade de proteção nos dias em que ela estará mais fértil, ou verde quando
não há risco de fecundação ao transar desprotegida (o sistema não protege
contra DSTs).
Mas é justamente por lidar com informações tão precisas e
pessoais que é bastante reducionista dizer que o Natural Cycles funcione como
uma tabelinha. Ao contrário do método adotado pelas nossas bisavós, o app
respeita o fato de que nem todas as mulheres têm ciclos regulares de 28 dias, e
calcula os avisos partindo do princípio de que seja possível engravidar em
apenas 6 dias por mês.
Essa adaptação ao calendário de cada mulher aumenta os
acertos de quais dias a usuária corre o risco de ficar grávida ou não. Aliás,
se usado corretamente, o Natural Cycles é um método mais seguro que a camisinha
e com taxas de eficácia semelhantes à pílula – em testes realizados com mil
mulheres, menos de cinco engravidaram após o sistema ter mostrado “cartões
verdes” em dias férteis.
(Reprodução Natural Cycles) |
As taxas de eficácia do algoritmo desenvolvido pela física
nuclear suíça Elina Berglund e seu marido Raoul Scherwizl chamaram a atenção
dos órgãos de saúde. A organização de inspeção e certificação alemã Tüv Süd
testou clinicamente o Natural Cycles em dois estudos com mais de 4 mil mulheres
– e acaba de classificá-lo como um método de contracepção confiável na
categoria médica, podendo ser prescrito pelo National Health Service, do Reino
Unido, assim como acontece com preservativos, implantes e pílulas. O aplicativo
é o primeiro software do mundo a ser oficialmente certificado por autoridades
de saúde.
“É muito empolgante que agora exista uma alternativa
comprovada às formas convencionais de evitar a gravidez, e que seja possível
substituir medicamentos por tecnologia”, afirmou a fundadora Elina Berglund, em
entrevista ao site Business Insider. À revista Wired, Berglund conta que criou
o aplicativo porque queria que seu corpo ficasse um tempo sem pílula. “Mas eu
não encontrava boas formas naturais de controle de natalidade, então desenvolvi
um aplicativo para mim mesma.”
O Natural Cycles já tem 150 mil usuárias em 161 países. É
possível testá-lo gratuitamente por um mês, e o pacote anual custa US$ 4,20
mensais com o termômetro basal incluso.
Vale lembrar que o aplicativo é totalmente voltado para
controle de natalidade. Apenas o uso de preservativo feminino ou masculino
previne a transmissão de doenças venéreas. Na dúvida, use camisinha.
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