Todos sabemos que a Terra está aquecendo por causa da
emissão de gases de efeito estufa na atmosfera pelos seres humanos. Também
ficamos sabendo que o Ártico está indo de mal a pior, atingindo recordes
negativos de gelo marinho em vários dos últimos meses, graças ao clima quente
recente, que está conectado à tendência de aquecimento de longo prazo.
Projeta-se que as populações de ursos polares diminuam em 30% até 2050. Até
2030, pode não haver mais gelo marinho no período do final do verão.
Antes de explicarmos como isso funcionaria, falemos sobre
por que o gelo polar é importante. O mais óbvio é que ecossistemas inteiros
dependem da existência de gelo no Ártico, incluindo seres humanos que o usam
para caça e viagem. Mas também o gelo branco e brilhante reflete a luz do sol,
o que mantém todo o planeta mais gelado. Sem esse gelo, nossos polos
absorveriam e prenderiam mais energia, aumentando as temperaturas em todos os
cantos — além disso, o gelo derretido emitiria ainda mais gases de efeito
estufa presos nele. O gelo marinho altera a densidade da água do oceano,
permitindo-lhe circular melhor. Nosso planeta é um organismo vivo, e uma doença
como a perda de gelo marinho pode prejudicar todo o sistema.
Os cientistas por trás do novo estudo acham que congelar
mais gelo marinho para substituir o que foi perdido no Ártico pode exigir
apenas um sistema de bombas d’água flutuantes abastecidas por turbinas de vento
para trazer mais água para a superfície. O gelo e a água de superfície mantêm a
água mais profunda isolada, mas expor essa água mais profunda às temperaturas
de superfície frígidas de -40º C a -35º C poderia ajudar a aumentar a espessura
do gelo marinho.
O estudo, publicado no periódico Earth’s Future, sugere que
uma “fração significativa” da água bombeada abaixo da superfície poderia se
transformar em gelo que permanece durante o inverno. Hilairy Hartnett, autora
do estudo e cientistas da Universidade Estadual do Arizona, contou ao Gizmodo
que a água precisaria vir de uma profundidade de um a dois metros abaixo do
gelo e que tal método funcionaria desde que as temperaturas do gelo marinho do
Ártico se mantivessem abaixo do ponto de congelamento da água marinha, cerca de
-2º C.
“No momento, essa é a única solução de engenharia que
conhecemos para a preservação do Ártico. Argumentamos em nosso estudo que não
deveríamos adiar a implementação de tal estratégia. É importante apontar que a
gestão do gelo é parte de uma solução para o gelo marinho que precisa ser
integrada com outras estratégias de mitigação climáticas, incluindo a redução
de CO2”, afirmou Hartnett.
A proposta do estudo é obviamente ousada e vem com muitos
desafios. Teremos a quantidade certa de vento para que a turbina funcione
consistentemente? Como implementaríamos em todo o Ártico as centenas de
boias-turbinas necessárias para tal projeto? De onde conseguiríamos todo o aço?
“Estimamos que a implementação dos dispositivos em todo o Ártico em um ano
consumiria essencialmente toda a produção de aço dos Estados Unidos, mas apenas
6% da produção mundial”, escrevem os autores. No fim das contas, um projeto
desses custaria cerca de US$ 500 bilhões por ano, ao longo de dez anos, para
distribuir bombas d’água por todo o Ártico, embora os cientistas acreditem que,
com 10% disso, bombas estrategicamente posicionadas poderia levar a um aumento
médio de um metro na espessura do gelo do Ártico.
Não tenho fé de que tal ideia funcionaria, nem que algum dia
iremos resolver o problema de derretimento do gelo marinho, porque a cooperação
internacional não é o ponto forte da humanidade. Mas nós realmente precisamos
fazer algo sobre a perda de gelo marinho do Ártico, e é legal imaginar que
podemos resolver nossos problemas com a engenharia de projetos de turbina que
custam centenas de bilhões de dólares. Além disso, os próprios autores do
estudo dão a entender que se os humanos puderam bancar o Projeto Manhattan, que
nos colocou diretamente na era nuclear, então podemos bancar o recongelamento do
Ártico.
[Earth’s Future]
Via gizmodo
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