BÓSON DE HIGGS PODE NUNCA TER SIDO DESCOBERTO
SEGUNDO PESQUISADORES NÃO HÁ
EVIDÊNCIA CONCLUSIVA PARA AFIRMAR QUE A PARTÍCULA ENCONTRADA NO LHC É DE FATO O
FAMOSO BÓSON
Talvez Stephen Hawking não
precise mais se preocupar com um possível risco de o Bóson de Higgs destruir o
universo: recentemente, uma equipe de pesquisadores pôs em xeque a própria
descoberta da partícula. Pouco mais de dois anos depois de o Centro Europeu de
Pesquisa Nuclear (CERN) ter anunciado a detecção da popular “partícula de Deus”
– o que inclusive rendeu o Nobel de Física de 2013 a Peter Higgs e François
Englert, os teóricos que primeiro a descreveram – físicos europeus se
debruçaram sobre os dados gerados pelo Grande Colisor de Hádrons (LHC) e concluíram
que não existem provas consistentes para afirmar que a partícula encontrada se
trata mesmo do famoso bóson.
“Os dados do CERN são geralmente
tomados como evidência de que a partícula é a de Higgs. É verdade que a
partícula de Higgs pode explicar os dados, mas podem existir outras
explicações, nós também obteríamos estes dados a partir de outras partículas”,
explica em um comunicado Mads Toudal Frandsen, pesquisador da University of
Southern Denmark associado ao Centro de Cosmologia e Fenomenologia de Física de
Partículas. Ele é um dos autores do artigo publicado em agosto no Physical
Review D.
Frandsen e seus colegas não
descartam a possibilidade de o bóson de Higgs ter sido descoberto de fato, mas
afirmam que existe a mesma chance de se tratar de algo diferente. Mais
especificamente, os físicos suspeitam que o LHC possa ter produzido uma
partícula chamada techni-higgs – ela é similar ao bóson em alguns aspectos e pode
ser confundida com ele em experimentos, mas ambas são fundamentalmente
diferentes e fazem parte de duas teorias distintas que explicam como o universo
foi formado.
O bóson de Higgs é uma partícula
elementar (aquelas que não podem ser divididas em componentes menores) e a peça
que falta em uma teoria conhecida como Modelo Padrão, que descreve três das
quatro forças conhecidas da natureza – gravidade, eletromagnetismo e forças
nucleares forte e fraca. Ela não consegue, no entanto, explicar a matéria escura,
substância que compõe a maior parte do universo. A diferença para o
techni-higgs seria grande.
“Uma partícula techni-higgs não é
elementar. Ao invés disso, ela consiste nos assim chamados techni-quarks, que
nós acreditamos serem elementares. Techni-quarks podem se unir de variadas
formas para formar, por exemplo, partículas techni-higgs, enquanto outras
combinações podem formar matéria escura. Nós esperamos, portanto, encontrar
muitas partículas diferentes no LHC, todas construídas por techni-quarks”,
esclarece Frandsen.
Se essas partículas elementares
realmente existirem, passarão a ser cinco as forças da natureza conhecidas:
nenhuma das quatro que conhecemos hoje é capaz de unir os techni-quarks. Esta
possível nova força já tem até nome – força technicolor. O físico dinamarquês
acredita que com mais dados do CERN será possível determinar ao certo qual das
duas partículas foi forjada no interior do LHC. Ele também crê que se o Centro
desenvolver um acelerador ainda mais poderoso, será possível observar
techni-quarks diretamente.
POR ANDRÉ JORGE DE OLIVEIRA
via gali
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